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Dúvida sobre o filme Catharina, a Grande

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Alguém me perguntou se o filme Catherine the Great (1996) e Young Catherine (1991) eram o mesmo filme. Eu procurei para saber se tinha sido e-mail, ou aqui no blog e realmente não encontrei a pergunta. Daí, como acho que a pessoa é leitora do blog, resolvi comentar alguma coisa aqui. Como as datas depois dos nomes já sugerem, são filmes diferentes. O de 1996 é com Catherine Zeta-Jones e foi exibido na Globo como minissérie. Durante muito tempo, lembrei da “minissérie”, mas não lembrava que a Zeta-Jones era protagonista. O segundo, Young Catherine, é com Julia Ormond como Catharina e Vanessa Redgrave como a Imperatriz Elizabeth. Eu só conheci o filme recentemente e consegui baixar via Youtube – depois de procurar torrent por um bom tempo – ontem. O foco é sobre o início da vida de Catharina na Rússia. Parece que Young Catherine é melhor, ou assim sugere a nota do IMDB.


Essas não são as únicas adaptações para o cinema ou TV da vida de Catharina, a Grande, da Rússia (1729-1796), uma das mais antigas e famosas é The Scarlet Empress (1934), com Marlene Dietrich. Famosa e infiel, pois já começa transformando Catharina, que era morena, em loura fatal. Também coloca a futura imperatriz dizendo que queria ser bailarina, quando é famosa a sua fala juvenil de que “queria ser filósofa”. Ela é lembrada por duas coisas, aliás, governar com mão de ferro e manter forte ligação com os filósofos iluministas. Embora não tenha nenhuma atração especial pela personagem, não dá para negar que ela é fascinante. Escolhida para ser esposa do czar, não por sua riqueza, beleza ou inteligência, mas pelo pedigree, já que era comum os czares buscarem esposas férteis e dóceis nos paupérrimos principados alemães. Foi tiranizada pela imperatriz Elizabeth, tia de seu esposo e soberana de fato. Já o marido, Pedro III, era dado a ataques de cólera e infernizou sua vida, também. Catharina tinha tudo para ser uma nulidade, jovem, pobre, estrangeira, mas virou a mesa e tomou o poder. Eis o que torna uma Catharina extraordinárias em tempos ordinários, se comparada com uma Maria Antonieta que era, como bem pontuou Stefan Zweig, uma mulher ordinária (*comum*) em tempos extraordinários.


Eu realmente não sei muito sobre história dinástica da Rússia, li muito superficialmente, mas a coisa me parece muito complicada e inusitada mesmo. Afinal, Pedro, o Grande, pai de Elizabeth, era poderoso o suficiente para casar com uma camponesa, Catharina I, sua segunda esposa, impô-la como imperatriz e obrigar toda a nobreza a se curvar a ela. Elizabeth, filha caçula de Pedro, conseguiu, via golpe de Estado, tomar o poder depois da confusão política que se seguiu à morte do autocrata. E, claro, mais tarde Catharina, uma estrangeira, acabou tomando o poder, aparentemente mandando matar o marido... Enfim, Paulo I, filho de Catharina, parecia odiar tanto a mãe que ao se tornar czar mudou as leis sucessórias para tentar impedir que mulheres chegassem ao trono. Como não era tolo o bastante, não impôs uma lei sálica, mas algo próximo: mulheres só chegariam ao trono se não houvesse outro parente do sexo masculino. Ou seja, as filhas de Nicolau II, assassinadas em Ekaterimburgo pelos bolcheviques, não tinham direito ao trono, não eram ameaça direta à Revolução.


A vida de Catharina, a Grande, também se tornou mangá, claro. E a autora é Riyoko Ikeda. Com o nome de Jotei Ekaterina (女帝エカテリーナ) a série foi publicada em 1982 com 5 volumes e relançada em 1994, em três volumes. eu tenho esta última edição.

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