O Victor deixou um comentário muito bom no post sobre a continuação de Hanadan e decidi convidá-lo para escrever sobre um assunto. Profundo conhecedor de doramas, fã de material coreano, seria interessante ler as teorias e opiniões dele à respeito. Fiquei feliz por ele ter aceitado o convite e escrito o seu texto com grande rapidez. Gostaria de ter mais guestposts aqui, especialmente, de gente que entende bem de assuntos que não domino. Não sabia que o k-drama coreano tinha inspirado uma versão indiana, enfim... Mas assevero que, para mim, a versão japonesa dorama do mangá é a melhor. ^_^ Segue o texto do Victor. Se quiserem comentar, tenho certeza que ele responde.
Semana passada, exatamente no dia 9 de fevereiro de 2015, os fãs de mangá (shoujo) e doramas foram pegos de surpresa com o anuncio de que Hana Yori Dango, até onde se sabe o mangá shoujo mais vendido de todos os tempos, ganharia uma continuação com o nome de Hana Nochi Hare - Hanadan Next Season. Ainda escrita e desenhada por Kamio Yoko, essa “continuação” será publicada em uma das revistas do selo Shonen Jump, logo sendo classificada como um shonen, simultaneamente na Coreia e Estados Unidos.
Vou tentar, nesse texto, chegar a uma conclusão sobre esse retorno de Hana Yori Dango. Explorando as possíveis razões que levaram um mangá, já há algum tempo meio esquecido, a ganhar uma continuação em uma revista shonen e o que podemos esperar para o futuro dessa franquia, que está ganhando fôlego novamente.
Arrisco-me a dizer que Hanadan, hoje, é mais famoso pelos seus doramas (cinco, sendo um não oficial), que pelo seu mangá ou anime. Os dramas rodaram o mundo, foram traduzidos por fãs para as mais diversas línguas e chegaram de forma oficial a vários países, seja sendo exibido pela televisão, stream ou lançamento em DVD. Talvez nem todos que estejam lendo esse texto saibam, mas a versão coreana, a mais famosa e bem sucedida, foi exibida em vários países do mundo, até dublada em espanhol na America Latina, lançada em DVD nos EUA e chegou ao Brasil, de forma legal, pelo Netflix e DramaFever. Deem uma olhada na lista de países onde a série foi exibida aqui.
O sucesso dos dramas de Hanadan é tão grande, que muita gente acha que a franquia surgiu assim. Nessa última semana, vi muita gente confusa, por não saber que Boys Over Flowers (Hana Yori Dango, em inglês, e o mesmo nome por qual a versão corena ficou conhecida) é originalmente um mangá, achando que o Hana Nochi Hare é uma segunda temporada da versão coreana, já que o nome em inglês ficou Boys Over Flowers: Season 2. Compreensível e perdoável, não?
Os dramas permitem que a história chegue a mais pessoas. É muito mais fácil alguém que não é fã de cultura asiática se interesse por um drama que por um mangá. Eu fiz muitas pessoas que não assistem anime ou leem mangá, que acham coisa de criança, assistir ao drama japonês (algumas, à versão coreana). E adivinhem, elas amaram. Todas assistiram à primeira temporada em questão de dias e se apaixonaram pela história, personagens e se interessaram muito por outros dramas. Acho muito difícil alguém assistir ao primeiro episódio da versão japonesa e não se interessar, ele prende a atenção das pessoas e não entrega a história fácil. Foi assim que eu conheci Hanadan e me encantei de cara.
Por que eu estou focando tanto nos dramas? Porque eu acho que é graças a eles que o mangá está voltando. Os dramas permitiram que Handan continuasse sendo lembrado e renovasse seu público. O fato de que o mangá será publicado simultaneamente na Coreia e EUA deixa mais claro, a meu ver, o quanto os dramas influenciaram esse retorno: os fãs coreanos e americanos querem muito uma nova versão/continuação.
Na Coreia, Boys Over Flowers foi um fenômeno que é lembrado até hoje e deixou uma forte marca na indústria do entretenimento coreano. Eu, por ser fã de k-pop e hallyu (onde cultural coreana), acabo vendo muitos dramas e programas coreanos e, acreditem, as referências à Boys Over Flowers estão em todo lugar. Já cansei de ver programas, até dramas, em que as pessoas fazem citações, nas mais diversas situações. Quando, por exemplo, há um grupo de rapazes bonitos, dizem que é o F4 ou mulheres dizendo que eram apaixonas pelo Gu Jun Pyo (o Domyoji coreano), etc.. Quando o programa é de variedades, pode até rolar de aparecer o logo da série ou tocar o tema de abertura, quando alguma referencia é feita. Tem até programas que se chamam Grandpas Over Flowers, Sisters Over Flowers e Youth Over Flowers. Sem falar no termo flower boy (ou boy over flowers) que pegou de vez e as pessoas sempre usam para dizer que um rapaz é muito bonito. Podemos ver exemplos desse carinho pela série aqui, onde os vocalistas da boy band mais famosa da Coreia, EXO, fazem cover do tema de abertura, mais de quatro anos depois do fim do drama, e aqui, onde o maior site de stream de dramas faz uma brincadeira de 1º de Abril.
Os coreanos querem muito um novo Boys Over Flowers. É comum, na Coreia, que os dramas ganhem uma segunda temporada quando fazem muito sucesso. Na maioria das vezes, essa temporada não tem ligação alguma com a primeira e, às vezes, quando se trata de uma adaptação de mangá, é feito um reboot invés de uma sequencia. A produtora Group 8 já confirmou que uma segunda temporada está em planos futuros, mas enquanto isso não acontece, vários outros dramas surgem com uma proposta semelhante. É imensa a lista de dramas, que surgiram depois de 2009, que trazem a história de uma garota comum rodeada por vários garotos bonitos e, muitas vezes, ricos. O canal a cabo tvN começou um bloco de dramas (o Oh! Boy) com essa temática flower boy e, na época do lançamento do primeiro, foi dito em entrevista que a intenção era recriar o sucesso de Boys Over Flowers. Os dramas são Flower Boys Ramen Shop; Shut Up Flower Boys Band; Flower Boys Next Door e Dating Agency: Cyrano. Deem uma olhada nos pôsteres dessas séries e vejam como algumas delas lembram Hanadan. E tem o The Heirs, que é de longe o que mais lembra e tem o Lee Min Ho como protagonista, o mesmo ator que fez o Gu Jun Pyo. Alguma pessoas até brincam e dizem que The Heirs é o Boys Over Flowers 2, e a brincadeira faz muito sentido quando vemos o Lee Min Ho simplesmente repetindo o papel que lhe deu a fama em uma trama bem similar.
Já os Estados Unidos tem uma grande base de fãs de Hana Yori Dango, seja do mangá ou de algum dos dramas. O drama coreano é especialmente famoso por causa da forte conexão com o k-pop, que é um estilo musical em expansão, mas as outras versões também têm seus fãs. Pudemos ver o quanto a série é amada por lá quando, em 2013, um grupo de fãs começou um crowdfunding com o objetivo de fazer um remake. O projeto foi bastante comentado na internet, conseguiu dinheiro e foi adiante. Foram produzidos sete episódio de 45 minutos, claro, de baixa qualidade graças ao baixo orçamento. Porém, mesmo com a baixa – ou quase inexistente – qualidade, um projeto como esse mostra às empresas o quanto a franquia é amada e que há público para ela. Se ajudou a essa continuação do mangá? Com certeza! Se um dia chegaremos a ter uma versão oficial americana de Hanadan? Não sei, mas posso dizer que já estivemos mais longe disso acontecer. E agora que k-dramas estão começando a ganhar remakes americanos, como My Love from the Star e Good Doctor, as chances estão mais altas do que nunca.
Agora sobre a razão de o mangá estar sendo publicado na Jump o meu palpite é exposição. Sabemos o quanto o nome da Jump é poderoso e o quanto isso vai dar visibilidade à franquia. Não é a primeira vez que um spin-off de um mangá shoujo é publicado em uma revista shonen, ou vice e versa, e não acho que isso vai afetar no trabalho de Kamio Yoko, vai ser mais do mesmo, apenas com um novo selo. Mas como a própria Valéria disse, se esse mangá estivesse saindo pela Margaret, iria impulsionar as vendas da revista, então deve haver um motivo para a Shueisha ter feito do modo que fez. Eu acredito que estão preparando alguma coisa para a série, talvez para comemorar os 25 anos, e esse novo mangá saindo na Jump está sendo usado como marketing. Não podemos negar que apenas o fato de sido anunciado como novo mangá da revista, fez muita gente ir procurar saber sobre a franquia. Em questão de horas, os volumes do mangá original subiram e dominaram o ranking de vendas digitais da VIZ. Se for atenção o que eles queriam, conseguiram.
A VIZ disse que caso as pessoas compartilhassem os anúncios do Facebook ou Twitter mais de 200 vezes ela liberaria outro anúncio sobre a franquia. Estou ansioso por esse anúncio, mas temo sobre o relançamento do mangá em edições 3-in-1. Não que eu não queira, já que o mangá se tornou quase impossível de comprar nos EUA, mas, por favor, isso é quase que uma obrigação, quando a editora está relançando quase todos os seus grandes sucessos nesse formato. Até Skip-Beat, que ainda está em publicação e tem todos os seus volumes disponíveis, está saindo assim. Torço muito para que seja um remake do anime, cobrindo todo o mangá, sonho de todo o fã. Quem sabe um novo drama japonês, mesmo o outro sendo recente e muito bom, por que não? Se Hana-Kimi e Itazura na Kiss podem, Hanadan deve.
Não deve ser o anuncio da VIZ, mas uma nova versão coreana não iria doer. Poderiam aproveitar o luxo da primeira e corrigir os erros, como a Tsukushi lerdinha e cheia de caretas. Também seria muito bom se finalmente as versões tailandesas e filipinas saíssem do papel. Essas duas versões foram anunciadas lá para 2010 e até agora nada, enquanto a versão indiana, anunciada bem depois, já está em exibição.
É isso, depois de anos parado um dos mangás shoujo mais importantes está voltando com força e expectativas para novidades no futuro. Enquanto não sabemos qual é a surpresa que a VIZ tem para a série, podemos rever (ou ver) as diversas adaptações que essa grande história já ganhou. Para quem não conhece Hanadan, só digo que vale muito a pena. E a versão indiana, Kaisi Yeh Yaariyan, ainda está em exibição com episódios diários e aparentemente ela possui algumas similaridades com o novo mangá, como meninas no F5. Será que o C5 também é uma banda de sucesso?
Espero que tenham gostado do texto e até a próxima.