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Comentando Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman – The Dark Knight Rises)

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Sábado, fui assistir Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Batman – The Dark Knight Rises) com meu marido. Como ele tem sido muito gentil em me acompanhar para filmes que ele não tem interesse algum (Ex.: Valente), fui ver o Batman. Por isso, preciso deixar claras algumas coisas: esta será uma resenha de alguém que não viu os outros dois filmes (*nem tem vontade de assistir*), que não é fã nem de Batman, nem de Christopher Nolan, nem de Christian Bale. Enfim, não tenho a mínima empatia pela nova trilogia do Batman, embora goste muito do Batman de Tim Burton, que assisti no cinema, e de alguns dos filmes posteriores. Eram filmes dark, mas que tinham humor, afinal, eu não consigo levar a sério histórias de sujeitos que saem por aí fantasiados e lutando contra o crime... Essa seriedade e densidade dramática forçada que querem dar ao novo Batman, me afastou da franquia. Admito de saída que assistir os dois primeiros filmes é fundamental para que você possa entender completamente o fechamento da trilogia. Então, qualquer falta de compreensão de minha parte – algumas explicações foram dadas por meu marido – não são culpa do filme. Eu daria 7,5 para ele sem problema. Mas vamos lá...

A história do filme é a seguinte, passaram-se oito anos do confronto entre Batman e Coringa que culminou, entre outras coisas, com a morte do promotor Harvey Dent. Batman assumiu boa parte da culpa pela morte de Dent, promovido a herói da luta contra o crime com a conivência do Comissário Gordon. Bruce Wayne também se retirou do mundo e boatos correm pela cidade sobre sua sanidade física e mental. Mas o bilionário é chamado de novo à vida depois que a competente ladra Selina Kyle invade sua mansão. Logo em seguida, é o próprio Batman que precisa ressurgir quando um novo vilão, Bane, decide trazer terror à cidade de Gotham.

Gostei bastante das atuações dos coadjuvantes. Gary Oldman, que é um ator que eu gosto bastante, estava muito bem como o Comissário Gordon. Seu drama moral, afinal, ele vive atormentado pela mentira que ajudou a contar e manter, dão o tom da interpretação e da sua disposição em se sacrificar. Joseph Gordon-Levitt consegue ser convincente como o policial honesto e que se recusa a acreditar na culpa de Batman. Se houver algum spin-off da trilogia, ouviremos falar dele de novo. E ele não se intimida ao contracenar com Oldman e com Christian Bale. Se rolar um filme, eu vou assistir. Achei um desperdício deixarem Michael Caine fora de boa parte do filme. A ausência de Alfred contribui muito pouco para fazer a história andar e sua presença e relação com Wayne poderia ter ajudado o roteiro a funcionar melhor. Morgan Freeman e Matthew Modine tinham personagens genéricas, sem grande carisma. Daí, poderiam ser trocados por outros atores sem problema algum.


E temos Anne Hathaway. Ela foi a melhor coisa do filme. Em nenhum momento é chamada de “Mulher Gato”, mas seus óculos, que imitam orelhinhas, são boa sugestão. Ela conseguiu convencer como a ladra altamente especializada e quase sem escrúpulo, já que ela ajuda e trai o Batman. Entre ela e Christian Bale rolou química imediata. Não sei se lamento que o romance não tenha se desenrolado, porque achei “OK” a forma como tocaram. Sexo – especialmente do tipo que a tensão entre os dois sugeria – não ia rolar mesmo, já que o objetivo era vender um filme “censura 12 anos” (PG 13). É meio dúbia a relação entre Kyle e sua colega de quarto e golpes. Para mim, ficou no ar que a personagem seria no mínimo bissexual. Gostei mais da Selina Kyle do que da Viúva Negra de Os Vingadores. E dá para comparar, porque efetivamente é o mesmo tipo de personagem.

Poderia criticar os saltos impossíveis que a personagem usa mesmo em ação, mas eles foram transformados em armas e isso tira um pouco o peso do fetiche. Como Anne Hathaway lembra um pouco a diva Audrey Hepburn, ela usa figurinos que parecem inspirados na atriz em alguns momentos do filme. Prestem atenção, especialmente, na cena do aeroporto. Ao que parece, Hathaway andou sugerindo que ficaria feliz em ter um filme solo. Eu assistiria com muito prazer, se não colocassem Selina Kyle vestindo alguma roupa ridícula e se o roteiro fosse competente, claro. A personagem, como construída nesse filme, consegue se sustentar sozinha. Vamos ver o que rola.


E o que eu vi de problema no filme? Os vilões e toda a trama de dominação/destruição de Gotham são fracas. A seqüência final, coroada com a leitura de um trecho muito querido do Conto de Duas Cidades de Charles Dickens, foi emocionante, com ação bem orquestrada, interpretações convincentes dos “heróis” – Bale, Oldman, Hathaway, Gordon-Levitt – mas as motivações dos vilões eram tão meia boca, que ficou difícil engolir. Há uma frase que um dos violõezinhos diz para Bane “Você é a essência do mal”, ou algo do gênero, que parece decalcada de desenhos animados americanos ruins dos anos 1980. Sabe, quando não cola? E mais, é muito pé de chinelo todo aquele esforço por Gotham City. Vilões de verdade, com aquela bomba na mão, desejariam dominar, no mínimo, os Estados Unidos. Tudo parece pequeno, acanhado. Só se justificaria toda aquela ação se o vilão fosse louco. Bane e os outros não convencem nesse quesito. Eles não são loucos, eles não são objetivos, também, não há ganho em sua ação e dizer que estão levando a cabo uma “missão” inacabada – e não vou dar spoilers – não colou. Faltou motivação. Tom Hardy não foi exigido como ator e sua melhor cena, acredito eu, foi seu primeiro confronto com o Batman.

A terrível prisão também não convence. Quem montou a tal “pior prisão do mundo” deveria ter se inspirado, pelo menos, em Guantánamo ou deveriam ter pensado nos círculos interiores do Inferno da Divina Comédia ou assistido Expresso da Meia-Noite. Colocar uns caras em um buraco somente, sem mostrar quais os horrores aos quais eram submetidos não comove. Aquele fosso inexpugnável parecia um obstáculo muito pequeno, especialmente quando lembramos de fugas espetaculares reais, literárias e cinematográficas. Faltou imaginação. Outro problema é que para conseguirem garantir que a cidade possa ser sitiada, transformam Gotham em uma Nova York. Gotham nunca foi apresentada como uma cidade solar, como é Nova York, mas como algo mais sombrio e sujo, como Chicago ou Detroit. É assim nos filmes e quadrinhos que vi.


O desenho mecânico do filme é feio. Meu marido – que identificou um dos nossos aviões Bandeirantes na seqüência de abertura – disse que deveriam contratar algum japonês para desenhar as máquinas do filme e eu concordo. A máquina voadora de Batman deveria ser impactante, não digo bonita, mas não aquele monstrengo sem elegância. O filme cumpre a Bechdel Rule? Não. Há duas personagens femininas de destaque e com nomes, Selina Kyle e a filantropa Miranda Tate, personagem de Marion Cotillard. Mas elas não conversam em nenhum momento. A personagem de Marion Cotillard é, aliás, um dos problemas do filme, mas se eu entrar em detalhes, vou ter que dar muitos spoilers e eu estou evitando isso. Nas cenas de multidão há várias mulheres, inclusive entre os policiais. Também na mesa diretora das Organização Wayne, há várias mulheres presentes. São figurantes? sim, mas são visíveis.

É isso. Minha falta de envolvimento emocional com a trilogia certamente me tornou mais dura com os problemas do filme. No entanto, a conversa com meu marido só reforçou boa parte do que eu havia percebido. Ele viu os mesmos problemas e destacou que a trama dos vilões parecia querer repetir a do Coringa sem o mesmo carisma e o convencimento, já que o vilão de The Dark Knight era efetivamente louco e queria a anarquia. Apesar de algumas seqüências excelentes e de boas interpretações, faltou alguma coisa para ser um filme realmente grandioso. E falo como alguém que não tinha grandes expectativas e simplesmente foi de acompanhante, por assim dizer. Mas valeu por Anne Hathaway, ela deve receber indicação ao Oscar ano que vem por Os Miseráveis, mas merece ser lembrada, também, como Mulher Gato.


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