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Despedindo-se de Orgulho e Paixão com Mais umas palavrinhas sobre Luccino e Otávio e minhas cenas favoritas dos dois

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Acertou bem no coração.
Ainda não assisti o último capítulo de Orgulho & Paixão, devo ver em algum momento dessa terça-feira, mas queria escrever algumas palavras a mais sobre Luccino e Otávio e somente sobre eles.  Pois bem, não me considero fujoshi (*fã de BL/Yaoi*), mas o casal de Orgulho & Paixão, despertou essa faceta adormecida dentro de mim desde Yuri!!! on ICE (ユーリ!!! on ICE).  Shippei, torci, vi e revi as cenas dos dois, me emocionei e estão todos de parabéns.  

O autor, Marcos Bernstein, porque conseguiu criar o melhor casal homoafetivo das telenovelas brasileiras.  Dois sujeitos não-estereotipados e sem os tradicionais trejeitos que são imprimidos nos gays sempre que eles aparecem na ficção nacional.  Tanto Luccino, quanto Otávio, foram construídos como personagens completas e complexas, o capitão menos, é verdade, só ganhou melhores contornos quando a trama já passava da metade.  Enfim, os rapazes tinham profissões que normalmente não estão ligadas ao (suposto) universo gay, um era mecânico, o outro militar, e passaram por todo um processo de descoberta da sexualidade, negação, aceitação, e romance, porque, sim, houve romance e não foi pouco dado o horário e os obstáculos a vencer.  

O segundo beijo que nós vimos,
porque houve o embaixo do carro.
Acredito que houve, também, alguma coragem por parte da emissora, mas vou apostar em uma coisa, como a novela já estava com uma audiência estável, e parece que foi assim o tempo todo, e na reta final, com todo mundo gostando e torcendo pelos dois, a Globo deixou rolar.  Até brinquei que era agora, ou talvez nunca, porque sabe-se lá o que nos espera a partir do ano vem... 

Nem em uma novela das nove se ousou tanto e com tanta sensibilidade.  Aliás, a ousadia se torna maior por ser em uma novela de época que, como normalmente acontece, termina por discutir questões contemporâneas.  Há quem acredite que não havia gays, lésbicas, bissexuais ou mesmo pessoas trans no passado.  Todo mundo era hetero e quem não era tentava ser.  Certamente, a maioria tentava parecer, mas há fartas fontes históricas sobre a homossexualidade em tempos passados e figuras que ficaram famosas também por afrontarem as regras sociais.  Fiquei feliz por não ter que ver, mais uma vez, retratada uma homossexualidade vivida de forma sórdida, como no caso de Entre Irmãs, com um casamento de fachada, uma mulher sendo usada como cortina de fumaça, enfim, estou cansada disso (*Não curto Brokeback Mountain*), ainda que isso também seja uma situação histórica mais que possível.  

Otávio consola Luccino ao saber  da morte do pai do amado.
O desfecho do autor, com os amantes se transformando em vizinhos, com o uso de uma linguagem em código que somente eles entendiam, foi muito interessante.  Para quem reclama que não havia aceitação da sociedade na década de 1910, espero que tenha entendido que nem Luccino, nem Otávio, acreditavam nisso, e o grupo de pessoas que sabiam e os aceitavam foram poucas: o Coronel Brandão, a mãe e os irmãos de Luccino e Mariana, que se assumiu uma fujoshi digna dos melhores animes ou mangás.  O resto das personagens não sabia e mesmo que algumas desconfiassem da amizade dos dois, se calavam.  Aliás, outro comportamento possível.

E realmente não acredito que o público tenha amadurecido e, por isso, aceite melhor a homossexualidade na TV, simplesmente, a coisa foi acontecendo e o beijo, a expressão máxima da afetividade pública de um casal, só se concretizou nas duas semanas finais da trama, ou seja, o efeito na audiência, caso houvesse não faria grande diferença.  E não estou fazendo pouco caso, estou somente ponderando sobre a questão.  E estão de parabéns os atores, claro, Juliano Laham e Pedro Henrique Müller, dois atores jovens e que aceitaram um grande desafio, afinal, há quem termine ficando marcado por um papel.  Espero que ambos tenham chances de interpretarem todo tipo de personagem.  Duvido que muito ator-galã não ficasse melindrado de aceitar os papéis de Otávio e Luccino.  E os dois atores também foram super gentis com o fandom de Lutavio que floresceu na internet.

A cena da chuva, claro... 
Dentre as cenas mais marcantes relacionadas aos dois, destaco a conversa de Otávio com Mariana na qual nunca se discutiu tão bem aquilo que a gente chama de privilégio hetero.  Não sabe o que é isso?  Poder sair de mãos dadas, beijar e abraçar o par do sexo oposto diante de todos, tratar por apelidos carinhosos, tendo a certeza de que não será incomodado, ou agredido.  Mariana é levada a compreender que estava sendo tola nas suas palavras e, ao mesmo tempo, consegue incentivar Otávio a tentar.  Essa cena foi maravilhosa.  Agora, vou escolher somente cinco das minhas cenas favoritas dos dois.  Vai ser difícil, vamos lá: 
1. Quando Otávio consola Luccino depois da morte do pai e mente para o amado que Gaetano tinha perdoado e aceitado o filho como ele era.  Na verdade, o pai do moço tinha dado um ultimátum para Otávio e ameaçado expor sua homossexualidade para seus companheiros de farda. Ali, eu quase chorei. 
2. Quando os dois dançam sozinhos depois de escaparem do baile de máscaras e trocam juras de amor e desejam que, um dia, possam fazer isso em público.  Se não eles mesmos, pelo menos outros casais como eles.  Faltou ali um beijo, que seria o segundo beijo público, porque qualquer casal se beijaria, mas ele só veio no outro dia...  
3. A cena destruidora da chuva, quando Otávio propõe que os dois fujam e Luccino recusa por amor ao capitão, que colocaria a perder a sua carreira. 
4. A primeira aula de esgrima, quando Otávio acaba sendo derrotado pelo pupilo e termina dizendo baixinho que Luccino o havia acertado no coração. 
5. A cena do quarto depois do casamento de Brandão e Mariana, quando Otávio confessa que só pensa "naquilo" o tempo inteiro, ou seja, está queimando de desejo, mas dá para trás e foge de Luccino.  Foi uma cena ao mesmo tempo terna, engraçada e picante sem nada mostrar.
Quem sabe, um dia, eles poderão dançar em público... 
Me controlei.  Escolhi somente cinco, não falei do "carro do amor". Espero, um dia, ver um casal de mulheres sendo tratado com tanta sensibilidade, respeito e carinho como esses dois foram.  Em Tempo de Amar, cheguei a pensar que a personagem de Françoise Forton, que estava atuando com nunca, Emília, a tia solteirona rica e elegante, fosse lésbica e o autor estivesse desenvolvendo o relacionamento dela com Carolina (Mayana Moura), mas não aconteceu nada e ainda fizeram com que a mulher mais velha passasse ridículo nas últimas semanas da trama.  Enfim, se você é fã de Luccino e Otávio, quais foram as suas cenas favoritas?


P.S.: Se você quiser textos sobre a novela, há vários.  Alguns que eu achei em uma busca superficial, um deles é sobre o final de Sinhá Moça, mas comenta um incidente de Orgulho e Paixão, outro mistura Glass Mask, o 6 é sobre Luccino e Otávio.  Segue os links: 1a - 1b - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9.

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